sábado, 22 de dezembro de 2012

Uma geração que morre – Mudando Para Mudar


“... porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” Filipenses 1.21

Paulo faz uma escolha para sua vida. É importante observar que ele expressa algo pessoal. Essa não é uma admoestação para os crentes em Filipos. Essa é uma grande escolha que Paulo faz para si mesmo.
Em tempos que as pessoas gritam que querem ser “geração que canta”, “geração que dança”, “geração que celebra”, “geração da conquista”, talvez tenhamos que nos tornar a geração que morre. Geração que morre para suas vontades, e ao morrer por suas vontades, dá sua vida pela vontade de Deus.
Esse é o ponto delicado desta geração. Uma geração que morre, é uma geração que continua cantando, dançando, celebrando e conquistando. Mas é também uma geração que se ajoelha, que busca a Deus, que olha para o outro.
O grande problema dessa geração frenética, é que sua espiritualidade acaba quando o ministro de louvor termina a música. Sua espiritualidade está baseada no êxtase e não em Deus. Baseada somente na experiência, e não mais na palavra viva e eficaz, que nos aproxima da verdadeira Palavra, o Logos de Deus chamado Jesus.
Pertencer a uma geração que morre, é escolher ser dependente de Deus de maneira completa. É se envolver com a agenda do Reino ao ponto de não se importar com que a sua recompensa seja a morte, pois a morte é um grande lucro para quem vive Cristo.
Talvez seja o momento de depormos nossas guitarras, baixos, teclados e baterias. Talvez seja o momento de deixarmos de lado o violão, o Cajon e as vozes bem separadas. Talvez seja o momento de ajoelharmos e olharmos por horas aquilo que o Senhor Jesus nos disse, voltando a viver intimamente a missão, que não é cantar louvores e muito menos lotar igrejas. Mas trazer justiça, cura e restauração para este mundo caído. É levar Cristo a toda criatura, de maneira que Cristo transforme e dignifique a todo ser humano.
Acontecendo isso, o meu louvor para de ser um momento de extase entre eu e Deus, e torna-se uma experiência entre eu, Deus e minha comunidade de fé. A minha adoração passa a ser não somente um grande musical que mexe com meus sentimentos e faz bem ao meu coração, mas torna-se um momento que eu adoro a Deus fazendo qualquer coisa, mesmo lavando uma louça. Pois adoração não é música, nem estilo musical, mas serviço prestado (e isso vale um texto separado).
Viver por Cristo é entender que meu IPhone, IPad ou IMac não são mais valiosos que as pessoas. Que o meu carro na garagem não é um símbolo de status. Que a minha casa na praia não é o meu objetivo de vida. Que a viagem para Paris não é o ápice da minha vivência.
Que sejamos portanto Geração que Morre, e se necessário, dando seu corpo para ser dilacerado e morto pelo amor do nome de Cristo, não porque isso me trará algo, mas porque isso já trouxe a mim e deve trazer a mais gente.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Jesus e nada mais que isso

Fico olhando para Jesus, o modelo pastoral perfeito, e olho para os nossos líderes (do qual me incluo). Me assusto - como são diferentes!

Nas eleições não faltaram candidatos com o título "pastor", "bispo", "missionário" ou "evangelista". Até mesmo na mídias sociais as pessoas preferem mostrar o título para serem identificadas. Nas discussões elas estão certas por causa do título. Creem que tem o direito de serem algo a mais.

Líderes trovejam na televisão suas verdades, confrontando os diferentes. A mansidão é deixada de lado, pois a voz elevada dá crédito as verdades não bíblicas e os exageros do fundamentalismo entorpecido.

Líderes rejeitam as mudanças dentro dos templos, pois "Deus é o mesmo ontem, hoje e assim o será para sempre". Dão então a voz para o tradicionalismo tacanho e anacrônico.

Surgem as vozes da juventude, mudando tudo e não valorizando nada. O importante é a emoção, se não sentir não valeu a pena. Nesse lugar também surge o liberalismo no discurso de gente que atrai jovens, e revelam que o Deus que eles ouviram falar em suas antigas Igrejas está morto e não existe. Na verdade Deus nos criou e estamos "ao Deus dará" - e se Ele não der?

Deixo claro que não creio que estamos pior ou melhor dos que os tempos passados, pois cada tempo reservou sua dificuldade. Mas eu fico pensando em como Jesus se portaria diante dessa realidade contemporânea.

Talvez o Jesus que lavou os pés dos discípulos, continuaria sendo somente o Jesus que não tinha onde encostar a cabeça, rejeitando títulos (Jesus não usa nenhum título propriamente de poder, todos são subjetivos). 
Talvez continuaria sendo o Jesus a qual chamamos de manso, que João chamará de amoroso. 
Talvez ainda entraria no templo, destruiria a liturgia e convidaria a que todos ajoelhassem, partissem o pão e saíssem para mudar o mundo. 
Penso ainda que talvez Ele olharia para os questionamentos modernos da juventude, romperia com tudo aquilo que realmente haveria de ser pregado, mas mostraria que Deus ainda existe e se preocupa conosco, ao ponto de morrer por nós. 

Talvez, e só talvez, Ele simplesmente fosse como Jesus.

  

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Nova Conversão

                    Quando pensamos em conversão, pensamos numa mudança de atitude. Num jeito novo de viver. É fato que quando somos chamados e seduzidos pelo evangelho, queremos que nossas atitudes demonstrem isso. Porém, nosso discurso tem sido tão focado na mudança de atitudes, que esquecemos que não é somente isso que deve mudar. Além das nossas ações, também devemos mudar nossa mente. Além de agir como Cristo nos fala, devemos também pensar como Cristo.
                     Não é incomum ouvir o discurso dos convertidos, baseado nas atitudes puramente corretas e irrepreensíveis. Gastamos de 20 a 50 minutos de nossos cultos, ouvindo a pregação de um homem que nos exorta a agir corretamente SEMPRE.
                     Isso tem produzido uma igreja legalista, que só permite o céu aos que nunca erram, aos perfeitos. Somente aceitamos os inteiros, nunca os machucados. Aceitamos aqueles que sabem esconder seu pecado. Respeitamos o mentiroso, mas retemos os homossexuais. Conversamos com os opressores dos pobres, mas repudiamos as prostitutas. Comemos a mesa dos Gulosos, mas não suportamos os viciados sexuais.
                     A Igreja precisa saber o que é amar o oprimido, o excluído e o marginal, como Cristo fez com a mulher com fluxo de sangue (uma impura), com o cego Bartimeu (um amaldiçoado), com a samaritana no poço (digna do inferno), com Zaqueu (um ladrão a mando de Roma) e o fez até a cruz, com o ladrão que morreu ao seu lado.
                     Precisamos nos converter a mente de Cristo.

 (publicado no dia 10/11/2010)

domingo, 13 de maio de 2012

Relacionamentos

Um dia Deus olha pra Terra e vê seres humanos, criações suas. Vê esses seres humanos lutando e matando, presos nas regras e nas leis que deveriam dar paz e vida. Então, ai vem Jesus. Deus tornou-se gente, e então toda gente viu a Deus. Deus é relacional. Não bastou para Ele ser Senhor dos seres humanos, ele precisava ser Amigo. Não bastava viver longe lá no céu, Ele queria estar junto, mostrando que há como ser Gente de verdade. Deus tornou se gente, habitou entre nós. Nessa relação entre Deus e o ser humano, Ele já fez todo o processo. Ele veio para nos relacionar. A parte mais difícil está aqui, disponível próximo a nós. Basta somente dizermos que estamos aptos a este bom relacionamento.

sábado, 3 de março de 2012

Adoração como seviço

Vivemos em um tempo dentros das igrejas na qual a maior preocupação da liderança é a adoração. É fato que adoração não é somente uma atitude musical. Isso já é mais que óbvio. Falado tantas vezes, que torna-se desnecessário lembrar.

O grande problema é qual o objeto real da adoração, dentro da própria igreja. Líderes carismáticos vociferam um Deus que está aí para nos dar aquilo que necessitamos, se soubermos "comprar" ao preço certo esta "benção". O preço? Se eu for santo o suficiente Deus me dará.

Em uma curta frase percebemos no mínimo duas coisas: 1) a preocupação com o MEU interesse/ meu próprio bem (Deus me dará) ; 2) o legalismo onde eu preciso fazer algo para que Deus me dê algo (seu for santo... Deus me dará).

Sobre o segundo, que não é a nossa preocupação neste texto, devemos lembrar que a Graça é estabelecida não pelo que somos, mas por quem Deus é. Ele nos abençoa porque seu caráter é abençoador. Simples, fácil e COMPLEXO. Nesse contexto o adoramos não pelo que Ele fará, mas por aquilo que Ele já fez na cruz e na eternidade.

Focalizando no primeiro, percebemos o foco no meu desejo, no que eu quero. Podemos usar a música como termômetro da nossa linha de pensamento. Afinal qual é o "Centro" das nossas músicas dentro da igreja, senão o meu DESEJO, aquilo que eu preciso, de forma egoísta. No meu ato de adoração, cabe o EU, raramente o NÓS.

A palavra hebraica utilizada comumente no Antigo Testamento para adoração é bhôda, traduzida muitas vezes também por "Servir". Servir o outro era parte integrante da Adoração Judaica. A palavra bhôda muitas vezes era substituída por hishtayah onde surge a ideia de o servo (aquele que serve) deve prostar-se ao adorado. Esse sentido também é perceptível no grego, onde a palavra latreia é flexionada por proskyneos. Infelizmente ficamos com as flexões das palavras originárias, nos prostramos, mas esquecemos da palavra original, não servimos.

Este conceito de Servir (no grego também diakonos) deveria ser resgatado dentro do nosso conceito de adoração. Não há como adorarmos, esquecendo de servir. Sem o serviço, nosso ato de adoração é incompleto.

O maior adorador logo, não é o cantor no palco, mas a senhorinha que lava o banheiro. Não é o pastor que estende as mãos, mas o adolescente que ora pelo irmãozinho doente.

Por fim, os versículos mais utilizados para tratar sobre adoração João 4:23-24, dentro do conceito de servir, dá mais intensidade ao ato de adoração. A adoração ganha um sentido menos individual e mais comunitária. Eu adoro a Deus servindo* o outro, Eu amo a Deus amando o outro.

Logo, se minha adoração é focada nos meus anseios, Ele tende a ser muito mais uma adoração aos meus desejos, do que de fato a Deus.



*servindo foi utilizado para não gerar o conflito de palavras onde eu adoro uma outra pessoa. Esse tema geraria mais um longo texto, que não compete ao momento.